Wednesday, October 21, 2009

(In)genialidade

Costuma ler autores portugueses?

Alguns, aqueles de que gosto.

Em Portugal há dois autores que vendem muitos livros, Miguel Sousa Tavares e José Rodrigues dos Santos, que aliás têm em comum consigo o trabalho na área da informação [José Saramago foi director adjunto do Diário de Notícias]. Ambos acabam de apresentar as suas mais recentes obras. Já leu algum livro deles? Considera-os como autores…

[Interrompendo] Como poderia não os considerar como autores se eles o são?

Como autores de uma literatura maior…

Bem, essa discussão sobre o que deveria ser ou poderia ser uma literatura maior também nos levaria longe. Mas como eu não li realmente nenhum deles não posso ser efectivo juiz nesta matéria. Em todo o caso, não diria nunca que esses livros não têm méritos literários. Como não os li não posso confirmá-lo, mas não tenho dúvidas de que se possam encontrar ali méritos literários. Aquilo de que eu não gosto, e tenho direito a isso, é a operação de marketing, que essa não tem nada a ver com literatura. O que digo é que a forma de lançar os autores, estes autores, obedece a um marketing implacável.



José Saramago ao DN em 28 de Outubro de 2007

Aprecio muito a escrita do Nobel da Literatura português. Li um número considerável de livros da vasta obra já editada. Ao mesmo tempo que arrebata com as palavras, que encanta com o ritmo e cadência de leitura, Saramago foi sempre um escritor altivo, distante, provocador, atributos que de uma forma ou outra ajudam sempre a vender livros.

O inesperado foi esta aparente jogada de marketing que está prestes a esgotar a primeira edição do mais recente livro, Caim, colocou toda a gente a discutir as declarações da conferência de apresentação e a passar completamente ao lado da obra.

Além de não necessitar, José Saramago à luz das declarações ao DN em 2007, parece relativizar a expressão “manual de maus costumes”.

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